16 de novembro
Como em toda segunda-feira, me preparo para não saber. Largo em casa todas as minhas idéias, meus projetos, meus desejos, minhas expectativas, meus sonhos e vou... Não, meus sonhos eu levo, escondidinhos... Sonâmbulos, mas levo...
No encontro nosso de toda segunda na Casa Porto temos a presença de outra pessoa. A Nina. a Nina é do cinema, ela apareceu para nós pelas co-incidências da vida, ela também está à espreita, o corpo dela também vibra. E como acontece com todas nós que aqui estamos, contrariando todas as expectavas da produtividade da vida, ela veio. A Bruna veio, a Laura veio, a Thais veio, a Ruth veio, a Thainá veio... Todas nós!
Subi num terraço, olho tudo de cima. Pouso na Trisha Brown. Vejo mil pessoas dançando em suas Lages. Guardo esse sonho no fundo. Já passei tantas vezes ali, nunca tinha visto aquela escada, aquele caminho, aquele espaço vazio. A Thais dança atrás do portão que não separa nada.





Hoje temos um encontro marcado com a Sandra (mulher-janela) no nosso palco cemitério.
Me agrada dançar em um lugar que já foi muitas coisas. Muitas camadas de história para tomar meu movimento, para me guiar.
Um jardim, grandes árvores, cemitério de animal, área de convivência, churrasqueira, quintal, boca de fumo, ponto de droga... Hoje NADA! Concreto. Espaço aberto querendo ser povoado por nossa dança.
A Sandra não está em casa, mas nós dançamos pra ela mesmo assim. 
A Nina venda os olhos, ela está bem no meio da gente. O celular dela nos segue cego.
Me mantenho no presente, olho, fotógrafo, danço, olho esse lugar improvável e me admiro.
Desço, olho, zero, procuro, zero, acalmo a vontade, sinto a textura da parede, ela me belisca, me provoca, me faz mexer, correr, pular. Pronto. Disparado o gatilho!



A Nina, estrangeira familiar, está lá camerografando sem olho. A paranóia da co-incidência é um fato. Todas nós mulheres.
13h, partir! Antes a pergunta era como chegar, agora é como partir. O tempo se dilata, toma outra dimensão, se esconde junto com nossas expectativas. Mas 13h o tempo ele joga a sua âncora e a nossa deriva se encerra.
A Nina produz um vídeo, ele está aqui. https://vimeo.com/146965320


lidia


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